No ano de 212 a.C., após um cerco de dois anos à cidade de Siracusa, na Magna Grécia, atual Sicília, esta foi capturada pelas legiões romanas. Quando a casa de Arquimedes – que com seus engenhos ópticos e mecânicos retardou ao máximo a queda da cidade – foi invadida pelos romanos, ele estava no quintal desenhando na areia suas figuras e estudos geométricos, quando um dos soldados pisou sobre os mesmos. Noli tangere circulos meos (não toque em meus desenhos), exclamou Arquimedes em seu precário latim, sendo imediatamente morto por uma lança, que destruiu fisicamente este velho filósofo e matemático. Mas não conseguiu eliminar o seu acervo intelectual, que, atravessando os séculos, chegou até nós.







Neste blog republicaremos também artigos da minha coluna semanal BRASILIANA, do jornal MONTBLÄAT editado por FRITZ UTZERI.




domingo, 10 de janeiro de 2016

Calcinhas Amorzão

          "A Duloren registrou, neste fim de ano, um aumento de 60% na venda de calcinhas amarelas que, segundo a crendice popular, são usadas na virada do ano para atrair dinheiro e trazer boa sorte".

          Esta breve notícia, publicada nos jornais nestes últimos dias do nosso trágico ano de 2015, mostra a inesgotável esperança das mulheres brasileiras por dias melhores, manifestada até nas cores de suas delicadas roupas íntimas, ainda que nestes meses estejamos assistindo a um acelerado retrocesso do Brasil de volta aos anos 50-60.
          Naqueles tempos, as calcinhas eram personagens de fatos mais trágicos, sendo peças fundamentais nos flagrantes do crime de adultério que, foi felizmente banido, de nosso Código Penal em 29 de março de 2005, pela Lei nº 11.106/05.
          Nos flagrantes desta atividade "criminosa" os casais adúlteros eram levados nus para uma delegacia policial, onde o cavalheiro era tratado como verdadeiro herói e a mulher humilhada, sofrendo execração extrema. Mas a contundência do flagrante policial, a chamada prova irrefutável, era a calcinha grampeada nos autos do processo.  Sem a calcinha, as provas eram frágeis e invariavelmente desqualificadas, a par da nudez dos envolvidos testemunhada por muitos.  A obsessão era tão grande, que os fundamentalistas religiosos da época propuseram um projeto de lei que obrigava as noivas a usarem calcinhas, de modo a resguardá-las na forma legal.
          Esta conversa toda foi para entendermos o presente a partir do conhecimento do passado, conforme aquela frase clichê que os antigos professores de História usavam para convencer os alunos da importância desta disciplina.
          Vivemos uma época em que os três Poderes da República estão dominados pela corrupção, com um governo cuja base de sustentação e ministérios têm, depois dos presídios, o maior número de suspeitos e investigados por crimes que vão de A a Z nos itens do Código Penal, estando o Brasil dividido em uma espécie de Capitanias Hereditárias onde são distribuídas verdadeiras licenças para matar e destruir o meio ambiente, desde que tragam votos para o governo.
          Mas, paradoxalmente, a "Chefa" Suprema desta organização criminosa sempre pousa de vestal, já que jamais foi apresentada a sua calcinha para a operação "Lava-Calça."
          Alguns comparsas, mais “românticos”, ameaçam apresentar esta "prova" contundente com cartas de amor-brega.  Outros, mais cafajestes, preferem a chantagem pura e direta.
          Mas não estamos aqui para repetir o que todos podem ler na imprensa.  Nesta época festiva, o melhor é encerrarmos nossa crônica com uma história de humor e outra de amor, ainda que dentro do simpático tema "calcinha".
          Como humor, que tal lembrar-nos de uma entrevista com Leonel Brizola, quando perguntado por uma jornalista, se em 1964 havia fugido do Brasil vestido de mulher?  A resposta foi hilária: "Fugi usando as calçolas de sua mãe!".
          Como história de amor, a lembrança das jovens mineiras casadoiras que encantavam seus namorados oferecendo rosquinhas e café coado em suas calcinhas – método infalível!
          Para terminarmos, lembro que por mais charmosas que sejam as rendinhas brancas, a cor é amarela!


Foto T.Abritta, 2011.


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