"A
Duloren registrou, neste fim de ano,
um aumento de 60% na venda de calcinhas amarelas que, segundo a crendice
popular, são usadas na virada do ano para atrair dinheiro e trazer boa
sorte".
Esta
breve notícia, publicada nos jornais nestes últimos dias do nosso trágico ano
de 2015, mostra a inesgotável esperança das mulheres brasileiras por dias
melhores, manifestada até nas cores de suas delicadas roupas íntimas, ainda que
nestes meses estejamos assistindo a um acelerado retrocesso do Brasil de volta aos
anos 50-60.
Naqueles
tempos, as calcinhas eram personagens de fatos mais trágicos, sendo peças
fundamentais nos flagrantes do crime de adultério que, foi felizmente banido,
de nosso Código Penal em 29 de março de 2005, pela Lei nº 11.106/05.
Nos
flagrantes desta atividade "criminosa" os casais adúlteros eram
levados nus para uma delegacia policial, onde o cavalheiro era tratado como
verdadeiro herói e a mulher humilhada, sofrendo execração extrema. Mas a
contundência do flagrante policial, a chamada prova irrefutável, era a calcinha
grampeada nos autos do processo. Sem a
calcinha, as provas eram frágeis e invariavelmente desqualificadas, a par da
nudez dos envolvidos testemunhada por muitos. A obsessão era tão grande, que os
fundamentalistas religiosos da época propuseram um projeto de lei que obrigava
as noivas a usarem calcinhas, de modo a resguardá-las na forma legal.
Esta
conversa toda foi para entendermos o presente a partir do conhecimento do
passado, conforme aquela frase clichê que os antigos professores de História
usavam para convencer os alunos da importância desta disciplina.
Vivemos
uma época em que os três Poderes da República estão dominados pela corrupção, com
um governo cuja base de sustentação e ministérios têm, depois dos presídios, o
maior número de suspeitos e investigados por crimes que vão de A a Z nos itens
do Código Penal, estando o Brasil dividido em uma espécie de Capitanias
Hereditárias onde são distribuídas verdadeiras licenças para matar e destruir o
meio ambiente, desde que tragam votos para o governo.
Mas,
paradoxalmente, a "Chefa" Suprema desta organização criminosa sempre
pousa de vestal, já que jamais foi apresentada a sua calcinha para a operação
"Lava-Calça."
Alguns
comparsas, mais “românticos”, ameaçam apresentar esta "prova"
contundente com cartas de amor-brega. Outros,
mais cafajestes, preferem a chantagem pura e direta.
Mas
não estamos aqui para repetir o que todos podem ler na imprensa. Nesta época festiva, o melhor é encerrarmos
nossa crônica com uma história de humor e outra de amor, ainda que dentro do
simpático tema "calcinha".
Como
humor, que tal lembrar-nos de uma entrevista com Leonel Brizola, quando
perguntado por uma jornalista, se em 1964 havia fugido do Brasil vestido de mulher?
A resposta foi hilária: "Fugi usando
as calçolas de sua mãe!".
Como
história de amor, a lembrança das jovens mineiras casadoiras que encantavam
seus namorados oferecendo rosquinhas e café coado em suas calcinhas – método
infalível!
Para
terminarmos, lembro que por mais charmosas que sejam as rendinhas brancas, a
cor é amarela!
Foto T.Abritta, 2011.
Olá, Teo,
ResponderExcluirExcelente texto.
Sério através do humor.
Abraços,
Mirian
Obrigado, Mírian! Abraços.
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