Neste próximo 4 de
fevereiro fazem três anos de falecimento do jornalista Fritz Utzeri e da morte
de seu jornal independente Montbläat.
Como uma pequena lembrança republico este artigo, onde já denunciava a
conivência criminosa deste governo com o crime organizado e a destruição
ambiental, que agora culminou com a destruição total da bacia hidrográfica do
Rio Doce, aniquilando com a vida e a paisagem numa área 70 mil quilômetros
quadrados, afetando a vida de milhões de pessoas nos estados de Minas e
Espírito Santo, bem como afetando o ambiente marinho.
O grave de tudo isto é que
os criminosos continuam delinquindo sob as asas protetoras dos governos federal
e estadual.
O último artigo de Leonardo Boff, Ecologizar a Política é uma peça trágica
dos descaminhos dos brasileiros
perdidos diante de um
governo que
substituiu qualquer ideologia
de desenvolvimento pelas cestas básicas com
fins puramente
eleitorais . Boff tal
qual a agulha
de vitrola quebrada que
arranha um velho
LP na mesma faixa, produzindo um som dissonante e ininteligível, em
seu artigo
fala da opção
preferencial pelos
pobres e excluídos feita
por Lula ,
enquanto este ,
cercado pelos
pastores do atraso ,
negocia os seus apoios
com o pior
da sociedade brasileira . O nosso
prezado teólogo
da libertação está totalmente
alienado da realidade
que é dominada pela
falsa oposição
do PSDB e PFL que têm os mesmos objetivos
do PT, das falsidades ideológicas dos partidos que se
dizem de esquerda e rastejam por migalhas de
poder e dos demais
partidos de direita
com seus
olhares brilhando por
dinheiro sob
a liderança dos pastores
da ideologia da enganação.
No
governo Lula
já foram devastados 84,4 mil km 2 de
florestas , sendo a maior
devastação em
um quadriênio
contabilizada desde 1988 quando o desmatamento
começou a ser monitorado a partir
de imagens de satélites
pelo INPE. De
qualquer maneira
o patamar de devastação
comemorado eleitoralmente pelo
governo equivale a 13.137 km 2, ou
seja 1,5 km 2 por hora ou 5 campos de futebol por minuto . Em 4 anos ,
neste ritmo , serão
devastados o equivalente a 16 milhões de
campo de futebol
(ver Folha de
S. Paulo, 8/11/2006). Devemos ainda considerar que para analisar
o desmatamento o INPE utiliza normalmente em sua metodologia
cerca de 220 imagens
distribuídas por toda
Amazônia, sendo que desta vez a amostra
foi reduzida para 34 imagens ,
sendo que 14 no norte
de Mato Grosso
e 9 em Rondônia. Em um vôo comercial de Cuiabá a Alta
Floresta , no norte
de Mato Grosso ,
poderemos observar durante
os 800 km do percurso um contínuo de plantações de soja ,
milho , algodão
e pastos e, portanto com poucas florestas
para destruir . Quem
fizer uma viagem por
terra de Porto Velho a Guajará-Mirim nas margens
do rio Mamoré, fronteira
com a Bolívia, sentirá uma angústia imensa nos seus 300 km de percurso já
que só
observará pastos degradados, balsas de mineração com
suas tripulações
tremendo de malária ,
tudo sob
o testemunho das ruínas
da Ferrovia Madeira-Mamoré e das meninas
prostitutas abandonadas por todos e por Deus . Logo nestas regiões
já praticamente devastadas dificilmente
detectaremos alterações no meio ambiente , com o
agravante de que
a metodologia adotada pelo
Governo brasileiro
só visualiza desmatamentos
em terrenos
acima de 20 hectares . Por outro lado os critérios da análise
da destruição do meio
ambiente deveriam considerar
também a contaminação das águas e do solo
por defensivos
agrícolas e herbicidas ,
as atividades de caça
e pesca predatória ,
bem como
todas as afrontas ao Código Florestal.
(www.pedromartinelli.com.br) são
mostradas as fotografias da construção da BR 163, bem como a saga dos
Kranhacãrore após seus primeiros contatos com os brancos em 1973 sob a
responsabilidade dos sertanistas Orlando e Cláudio Villas Boas que tinham a
certeza de não estar salvando os índios e sim adiando mais um pouco a sua
destruição cultural e física. Hoje nesta
região temos a convivência de uma das maiores riquezas agropecuárias do mundo
com um rosário de crimes ambientais que podem trazer sérias conseqüências
futuras. Não são respeitados em geral o
limite para a derrubada de apenas 20% das matas nas propriedades particulares,
não existe respeito na conservação das matas ciliares, nem cuidados na
aplicação dos defensivos agrícolas.
Assim rios de porte como Teles Pires e o Juruena levam todo o lixo
químico somados ao mercúrio das atividades de mineração, contaminado o Rio
Tapajós da Bacia Amazônica. Para o sul o
rio Cuiabá contamina e assoreia o Pantanal Mato-grossense. Para oeste o Guaporé leva a desgraça e para o
leste o Xingu está na iminência de um golpe de misericórdia, pois uma pequena
valorização da soja no mercado internacional fará baixar a moto-serra da
destruição. O que é impressionante é a
facilidade com que se destroem até mesmo as terras protegidas. Quando um grande “colonizador” tem interesse
por uma área sob proteção, ele primeiramente se articula com os chamados
representantes dos movimentos sociais que abrem trilhas e são orientados a
cortar apenas as madeiras nobres como, por exemplo, o mogno (que tem a sua
exploração proibida no Brasil). Depois
temos as clássicas invasões dos chamados “sem terras” que queimam tudo, fazem
suas roças e providenciam a desentoca, ou seja, a retirada de tocos e raízes
remanescentes. No ato seguinte atuam
neste teatro trágico os jagunços a soldo de grileiros e as terras são
repassadas a grandes empresas de pecuária e finalmente após os pastos serem
sucessivamente queimados, a terra está limpa para a entrada de modernas
máquinas agrícolas para plantação de grãos.
Como podemos ver várias etapas deste processo só serão detectadas por
imagens aéreas meses depois. Quem tiver
a oportunidade de visitar, por exemplo, a cidade de Alta Floresta, ficará
impressionado com o número de serrarias e o fluxo constante de caminhões
carregados de toras de madeiras, isto em uma região onde legalmente não existem
mais árvores para serem cortadas. Esta
situação irá se agravar com o retorno do asfaltamento da BR 163 anunciado pelo
governo no dia 5 de junho último - Dia Mundial do Meio Ambiente, quando também
anunciou a criação burocrática do Parque Nacional Juruena, o terceiro maior do
Brasil com 1,9 milhão de hectares, mas que infelizmente já tem sua área furada
por trilhas de madeireiros como se fosse uma peneira. Agora cabe uma pergunta, porque não existem
barreiras nas estradas e rios amazônicos e uma fiscalização eficiente de toda a
documentação ligada ao setor agropecuário e madeireiro? A resposta foi dada por Lula em recente
elogio a Ministra do Meio Ambiente: “Você
está provando que é possível, ao invés de agente proibir, agente continuar
ensinando a fazer as coisas certas neste país”. Na realidade o governo atual não tem nenhum
interesse em tocar nesta sociedade “caixa dois” que com a mesma eficiência que
destrói a natureza auferindo lucros astronômicos, já negocia com Lula cargos e
vantagens em função de seus resultados eleitorais frutos da enganação do povo
com as falsas promessas de progresso.
Assistimos
também a falácia das declarações de Lula após as eleições (tão saudadas por
Leonardo Boff) de que governaria preferencialmente para os pobres e excluídos. Pesquisas do Imazon (www.imazon.org.br) em 407 municípios da
Amazônia mostram que o desmatamento a longo prazo piora a vida da população e
que após a depredação os investidores desaparecem desmistificando o mito de que
o sacrifício da natureza é o preço para o progresso.
Esta “sociedade
caixa dois ” tem em seu topo os empresários
desonestos acompanhados de ministros , desembargadores ,
políticos , líderes
de ONGs desonestas, altos servidores públicos
e vamos por aí
afora .
O extrato médio
é composto por
pequenos empresários
ligados ao crime organizado, chefes de grupos
de extermínio , gatos
(que fornecem mão
de obra quase
escrava ), grileiros ,
os filhos ineptos do poder
abrigados em ONGs e órgãos
públicos etc. A base
desta sociedade é formada por
todos aqueles
que lutam desesperadamente para simplesmente
sobreviverem! Nela encontramos garimpeiros , mergulhadores, operadores
de moto-serra, caçadores, pistoleiros de
aluguel , piloteiros, motoristas
e vários profissionais
levados para a
atividade criminosa
simplesmente por
ser a única opção disponível
para a sua sobrevivência .
Uma pessoa analfabeta
e sem nenhum
conhecimento pode ganhar
até R$ 800,00 mensais
operando uma moto-serra em uma das “invasões sociais ”
onde existe pressa
no abate do mogno
e enquanto na baixada
fluminense um
pistoleiro ganha
em torno
de R$ 200,00 para liquidar
uma pessoa comum ,
na Amazônia pode ganhar até
dez vezes
mais para liquidar um funcionário do IBAMA de nível
médio ou
ascender ao topo
desta sociedade criminosa
com o assassinato
de um ser humano com a grandeza da freira
Dorothy Stang em fevereiro
de 2004.
Foto T.Abritta, 2005.
- Patrimônio
Ambiental Brasileiro , Wagner Costa
Ribeiro (organizador )
EDUSP, São Paulo - 2003.
- Atlas
de Conservação da Natureza
Brasileira , Unidades
Federais
Metalivros, São Paulo – 2004.
- O Livro
de Ouro da Amazônia, João Meirelles Filho
Ediouro, Rio de Janeiro
– 2004.
- Atlas
Geográfico de Mato
Grosso , Leodete Miranda e Lenice Amorim
- Saudades
do Brasil, Claude Lévi-Strauss
Teócrito Abritta
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