No ano de 212 a.C., após um cerco de dois anos à cidade de Siracusa, na Magna Grécia, atual Sicília, esta foi capturada pelas legiões romanas. Quando a casa de Arquimedes – que com seus engenhos ópticos e mecânicos retardou ao máximo a queda da cidade – foi invadida pelos romanos, ele estava no quintal desenhando na areia suas figuras e estudos geométricos, quando um dos soldados pisou sobre os mesmos. Noli tangere circulos meos (não toque em meus desenhos), exclamou Arquimedes em seu precário latim, sendo imediatamente morto por uma lança, que destruiu fisicamente este velho filósofo e matemático. Mas não conseguiu eliminar o seu acervo intelectual, que, atravessando os séculos, chegou até nós.







Neste blog republicaremos também artigos da minha coluna semanal BRASILIANA, do jornal MONTBLÄAT editado por FRITZ UTZERI.




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Cantiga d’Escárnio


Seu nome é Maria do Rosário

cara de freirinha

óculos dependurados no nariz

olhar focado no além

talvez matusalém.

 

Ministra dos Direitos Humanos

peleguismo presidencial, defesa virtual.

Em tempos de mensaleiros quadrilheiros:

pagamento com o vil metal

 – desvio real do gabinete presidencial.

 

Atuar não atua não

apenas burocrata

vã tentativa de acobertar

a face podre da faxineira-mensaleira

 

 

Sálvio melhor juízo doravante,

Dessarte, data vênia, por suposto,

Por outro lado, maximé, isso posto,

Todavia deveras, não obstante

 



Pelo presente, atenciosamente,

Pede deferimento sobretudo,

Nestes termos, quiçá, aliás, contudo

Cordialmente alhures entrementes

 
 




“Milícias ameaçam indefesos pescadores na Baía da Guanabara.”

“Quase 37 mil jovens serão mortos no Brasil até 2016.”

“Polícia do Rio de Janeiro mata menino e esconde corpo em um lixão.”

 
 


Sub-roga ao alvedrio ou outrossim

Amiúde nesse interim, senão

Mediante mormente, Oxalá quão

 

Via de regra te-lo-ão enfim

Ipso facto outorgado, mas porém

Vem substabelecido assim, amém.

 

 

“Força de Segurança Nacional e ‘gatos’ espancam trabalhadores nas obras de hidrelétricas amazônicas do PAC.”

“Menina de treze anos sofre bárbaras torturas após ser presa em uma cela masculina em Belém, Pará.”
 
"D. Pedro Casaldáliga tem que deixar sua residência em São Félix do Araguaia após ameaças de morte."
 

 
 

Cruel insensível inútil Rosário

ministra fantasma burocrata da morte tortura sofrimento.

 

Farsa presidencial na morte real.

 

 

Nota: em negrito soneto burocrático de José Lino Grünewald, 1977.

sábado, 27 de outubro de 2012

Quadrilha


Ricardo amava Valério que não amava Joaquim

que não amava José que amava Inácio que amava Dilze

que não amava Minerva.

Ricardo foi para a Corte, Valério pra prisão,

Joaquim homenageado, José no calabouço,

Inácio apodreceu e Dilze casou-se com o Mensalão

que já tinha entrado na história.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Convite: Prêmio Alejandro Cabassa-2012

Tenho o prazer de convidar para a cerimônia de entrega dos prêmios da UBE-RJ (União Brasileira dos Escritores) de 2012, quando receberei, pelo primeiro lugar na modalidade Crônica, o Prêmio Alejandro Cabassa, com o livro “Cidades de Memórias”.

A cerimônia terá início às 15 horas do dia 26 de outubro, na Academia Brasileira de Letras, Av. Presidente Wilson 203, Castelo.
Rio de Janeiro-RJ.
 
Teócrito Abritta

 
Premiação UBE/RJ 2012:
Em primeiro plano com diploma: Mírian, primeiro lugar em Poesia.
Atrás: Teócrito, primeiro lugar em Crônica e, ao lado, Isabel, Menção Honrosa em Poesia.
 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tempos de Eleição


          Seria uma notícia de jornal.  Só não foi porque nestas bandas alagoanas simplesmente não existe imprensa.  Também para que?  O povo vive tão feliz vendo apenas novelas de televisão.

          Mas notícia é notícia e corre rápido.  Nos bares, vendinhas, bibocas não se comentava outra coisa.  Nas praias, pescadores riam entre os dentes.  Na lavanderia pública, mulheres batiam roupa rindo da história.  Na pracinha da televisão pública, aposentados e desempregados falavam discretamente, sorrisos contidos – pudera o homem ainda é o prefeito. 

          Difícil narrar o acontecido pela boca do povo.  Muito murmúrio, nenhum relato.  Tempos de eleição, tempos de violência: prudência é recomendada.

          O jeito foi apelar para um narrador onisciente e neutro, acima dos personagens e fatos envolvidos.

 

          A campanha eleitoral ia acirrada (V. Figuras 1 e 2).  Júnior Boi Lambão, atual prefeito, confiante em sua reeleição.  No mínimo noventa por cento do eleitorado.  Aquela oposicionista, sobrenome famoso, não merecia preocupações.  Afinal o povo não esquece passado de escândalos políticos-familiares.  Seria verdade?  Com a primeira pesquisa eleitoral já poderia celebrar vitória.

          Mas os números foram implacáveis.  Nosso prefeito tinha apenas dezesseis por cento dos votos. 

          Neste ponto entra a imaginação ficcional: provavelmente rasgou o papelório, bateu na mesa, destratou auxiliares, disse ser impossível o resultado da pesquisa.  Considerava-se vítima de uma conspiração da direita golpista que tenta derrubar o governo. 

          O desfecho não poderia ser outro: de tanto espumar teve uma crise de hipertensão.

          Correu para o postinho médico, recém inaugurado em frente da sua casa. 

          Mas esqueceu que havia inaugurado um prédio vazio, sem equipamentos, enfermeiros ou médicos.  Apenas toscas paredes caiadas de branco, o vigia dormindo.

          “Acabou indo para a capital.  Se pobre, estaria no cemitério.”

         

Aqui leitor, termina a “matéria” que não saiu nos inexistentes jornais.  Mas Literatura é imaginação.  E nossa história continua em luxuoso hospital na capital, todas as despesas pagas com verbas de representação municipal.  Claro, não vamos esquecer daquela clássica advertência: “Esta história não tem relação com pessoas ou fatos reais, sendo apenas fruto da imaginação ficcional”.

 

 

          Desgraçados, me apunhalaram pelas costas, repetia o prefeito, todo espetado, tubos de soro e medicamentos. 

“A eleição fervendo lá fora e eu no hospital.  Ainda por cima este cantador embaixo da janela.  Já pedi ao governador para dar sumiço no velho inútil neste mundo de deus.  Ninguém toma providências.  Dizem que agora tem um tal de direitos humanos, estes procuradores, sei lá mais o quê.  E eu aqui neste leito, tendo que fechar a janela para não escutar o provocador.”
 
Figura 1 – Tempos de Eleição.  Foto T.Abritta – Alagoas 2012.
 
Figura 2 – Tempos de Eleição.  Foto T.Abritta – Alagoas 2012.
 
Hoje o velho cantador chegou cedo, afinou sua viola, pigarreou limpando a garganta, deu uma cuspidela e abriu sua potência vocal:
 
Eu não tinha nada
e perdi tudo
até a menor que era cabaço
virou bagaço.
 
Morava numa casa de placa.
 
A enxurrada lambeu
a placa cedeu
a criança morreu
cachorro comeu.
 
Agora nós véve na Senzala
tudo amontoado
pros lado do forró da véia.
 
Inté o trem não passa há muito
passou ontem pela última vez.
 
O vereador, seu Licurgo, sumiu
o prefeito, seu Sinho, escafedeu.
 
A deputada, dona Salomé, fedeu
a presidenta, dona Dilcineia, esqueceu.
 
O povo sofreu
feneceu
no necrotério
um lençol estendeu.
 
Minha Casa, Minha Vida – a deles.
 
          O prefeito, nervoso com a audácia do cantador, arrancou os tubos de soro, descolou a fiarada do peito e chegando à janela berrou:
          “Seu inútil filho de uma égua, aqui vai a minha réplica.”
“Quem anda pra trás é caranguejo.”
“Quem gosta de atraso e velharia é museu...”
 
          Nem chegou a terminar.
          A tréplica foi fulminante.  Os médicos nem tiveram tempo...
 
Povinho safado
faladô enganadô
casa de placa milagre da
construção (vil).
 
Lucro no bolso
voto fácil
prestígio parlamentar
satisfação da Casa Civil.
 
Drenagem nós não faz
escoamento também não
fundação só fundamento
entulho socado no chão – molhado.
 
A presidenta quer azulejo
parede só alvenaria – tijolo pro caboclo
quando tudo cai
tempo pra sair devagarinho
de fininho
bem mansinho
tal cordeirinho.
 
Outubro tá chegando
vem comer na eleição
bolsa família-salário educação
apenas sessentinha voando
até minha mão.
 
Povinho safado-faladô-enganadô
vem comer na minha mão
bolsa família-salário educação.
 
Minha Casa
Nossa Vida.
Emprego tem não.
 
 
 

 

terça-feira, 31 de julho de 2012

Uma Tarde em Costa Barros


“Caveirão tentou brotar

Foi rajada a noite inteira

Foi parar no ferro velho

Caveirão virou peneira.”



         O pior é o capitalismo do Felizardo: dono da oficina e do botequim.  O dinheiro que ganhamos consertando carros acaba aqui nos gordurentos pés, orelhas e peles de porco regadas a cana.  Hoje, com este tiroteio, nem vamos mais trabalhar.  As patroas vão chiar quando chegarmos duros em casa. 

         No fundo estamos na moda.  Comemos politicamente correto, por dentro desta onda de gente sarada: a gordura corta o efeito da cachaça e o álcool o colesterol desta sebaria toda. 



“Na favela a bala come.

Nós pode até morrer

mas vai como sujeito homem.

Fuzil, lança-granada,

bota a chapa pra ferver.”



         Pô Felizardo, desliga este rádio!



         Meu pai contava que antigamente era mais chique.  A turma tomava traçado, samba em Berlim e nas festas cuba libre e hi-fi. 

         Traçado era uma mistura de cachaça com conhaque. 

         Meu avô contava que o então Prefeito Amintas de Barros, que gostava muito de tomar umas biritas, certo dia ao ser perguntado o que ele achava do traçado de Belo Horizonte – evidentemente a pergunta era sobre urbanismo –, ele disse: “eles estão pondo cachaça demais no traçado.”

         No verão um samba em Berlim ia bem: cachaça com Coca-Cola geladinha.

         Cuba-libre e hi-fi era mais para as moças: rum com Coca-Cola e Crush com vodka. 



“Se o Caveirão tentar,

muita bala vai comer!

Caçador de Caveirão,

Caçador de Caveirão.

Se brotar na Mangueira,

você vai ficar no chão!”



         Pô Felizardo, desliga este rádio!



         “Em tempos de pacificação, o Morro do Chapadão, em Costa Barros, virou zona de guerra.  São travados intensos combates entre policiais e milicianos contra traficantes.  Foi mobilizado até o Caveirão nesta operação, já que esta comunidade está dominada pelas facções criminosas que atuavam nos complexos do Alemão e da Penha.”



         “De acordo com as autoridades, das sessenta e sete mortes registradas entre janeiro a março deste ano na capital estadual, quinze ocorreram nesta área.  Quase sete mil alunos ficaram sem aula com as escolas fechadas por medida de segurança.  A operação foi desencadeada em represália à quadrilha conhecida como “Bonde do Mão”, responsável por roubos de carros e assassinatos de policiais.” 

         “Apenas nos três primeiros meses de 2011 quase setecentos carros foram roubados em Costa Barros, mais de um quinto dos roubos de veículos registrados na Capital.”



         Pô Felizardo, desliga esta televisão!



         São uns farsantes!  Só na região metropolitana do Rio são mais de mil comunidades dominadas pelo crime organizado.  Fizeram acordo com a bandidagem e inventaram uma meia dúzia destas tais de UPP – Unidade de Polícia Pacificadora – para enrolar os otários e mostrar serviço lá em baixo.

E o povo sendo massacrado e explorado por aqui!

         E com força total: é político, traficante, miliciano, pastor, polícia – tudo que é coisa ruim.

         Pior que na Síria, Iraque ou Afeganistão!



         “As ações policiais foram estendidas também à Favela do Jobi, onde era refinada e embalada cocaína.  A polícia está no encalço de Nando e Bacalhau, responsáveis pelo comércio desta droga.”

         “O Cabo Anselmo, vulgo Quebra-osso, suspeito de comandar uma milícia criminosa na área, matou quatro supostos bandidos.  O comandante da guarnição alegou terem sido autos de resistência.  Entretanto, populares, que não quiseram se identificar, declararam serem trabalhadores em dívida com o pedágio cobrado pelos milicianos e que morreram com um tiro na nuca.”

         “O governador declarou que isto é o desespero da criminalidade diante de um estado democrático e eficiente que não tolera o crime organizado...”



         Pô Felizardo, desliga este cheirador de cocaína!



         “Na Favela da Quitanda uma menina de apenas onze anos foi morta com um tiro na barriga ao atravessar a Rua Isaac Zadma.”

         “Após o assassinato, moradores fecharam a Avenida Pastor Martin Luther King Jr. e depredaram cinco ônibus.”



         Amanhã tá todo mundo andando em ônibus quebrado, dando grana pro pastor, pagando pedágio do gás pros milicianos, apanhando dos traficantes e batendo palmas pra presidenta lá no programa do Faustão.



Já pensou se aplicassem o plano de Alfabetização de Paulo Freire?

Hoje os falsos revolucionários no poder apoiam é a corrupção, depredação ambiental e muito dinheiro no bolso... O povo só existe pra votar.

         Tenho até vergonha de ser metalúrgico!

         São uns lumpens-proletariado...



         Pô Felizardo, manda um traçado!



Nota:

- Letra musical: Caçador de Caveirão, funk de MC Bocão. 

- “O lumpen-proletariado, é o produto passivo da putrefação das camadas mais baixas da velha sociedade, podendo às vezes, ser arrastado ao movimento por uma revolução proletariada; todavia suas condições de vida o predispõe mais a vender-se a reação.”  Manifesto do Partido Comunista, Karl Marx e Friedrich Engels.  Editorial Vitória, Rio de Janeiro, Estado da Guanabara.  Brasil, 1963. 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Devaneios no Tempo


         O jeito foi sair andando por aí.  Perdido no tempo. 

Como suportar tanta infâmia?  Como suportar aquela patética figura, lágrimas de crocodilo, citar Galileu Galilei – Cientista tão perseguido pela Medieval Inquisição – e nomear para uma suposta Comissão da Verdade, deplorável antigo Procurador Geral da República que tentou proibir, em nome do fundamentalismo religioso, a pesquisa científica em células-tronco? 

Para agravar, ao lado, entre palavras como Justiça e Democracia, aplauso das latrinas do poder vindas daquele eterno Senador que há mais de meio século vive da Mentira. 



         Alguma coisa aconteceu.  Esqueço o presente, lembro o passado.  Parado na Senador Vergueiro, esquina com Paissandu, posso até ler:



Festival Paissandu (um filme por dia) – Ar Condicionado Perfeito


Hoje, 10 de janeiro de 1966, 3ª feira:“O Demônio das 11 horas”


(Pierrot Le Fou)



No cartaz ao lado:

Cia. Cinematográfica Franco Brasileira


Apresenta:


“Cléo de 5 às 7”


            “Voilá enfin le film qui me donne envie de continuer à faire du cinéma”



          Brigitte Bardot



         Na banca próxima compro o último Cahiers Du Cinéma e continuo meu exílio percorrendo atalhos das lembranças.  Algumas nem sempre agradáveis, mas acunhadas nas camadas de memória que não se apagam.

         Na esquina da Avenida Rio Branco com Sete de Setembro, fico observando o enorme cartaz na lateral do prédio número 97 desta última rua – sede da Editora Civilização Brasileira –, mostrando uma pessoa amordaçada, com olhos vendados e ouvidos cobertos pelas mãos.  Em letras garrafais, escrito:



Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê.



Uma frase para nossos dias!



         Entro em um velho sebo.  Abro o livro Crônicas Inéditas de Manuel Bandeira.  Na primeira página a fotografia do bonde:
Pça 15 Novembro –E. de Ferro-10 de Março.

         No canto escuro, uma moça muito branca, cabelos negros, escorrendo a confundir-se com o vestido preto.  Do lado esquerdo pendia um violoncelo.  Com a mão direita folheava grosso volume.  A cada página, o movimento dos cabelos desnudando os ombros alvos. 

Entre as estantes, um velho ia se arrastando, olhos colados nas lombadas.  Ao me ver sorriu e comentou:  “Vou anotando os nomes dos livros que gosto.  Em casa passo tudo a limpo no caderno – minha biblioteca.  Um dia, quando tiver dinheiro, vou comprar tudo.” 



         Caminho pela Avenida Rio Branco. 

O inesperado: súbita rajada de vento arranca as vidraças de um prédio.  Correrias.  Para onde ir?  Uma grande borboleta amarela passou roçando em meus cabelos.  Quem sabe não seria a borboleta perdida de Rubem Braga?  Chance única de escapar.  Sigo o lepidóptero.  Acabo deslizando pelas rampas sinuosas do Marquês de Herval, refugiando-me na Leonardo da Vinci.  Lá sou recebido com amistoso cumprimento da livreira, não a filha, mas a mãe.  Provavelmente lembranças de algum antigo frequentador, há muito desaparecido – são meus cabelos brancos e a bengala que me acompanha. 



         Retorno.  Entro em casa.  Ressuscito um velho LP com a primeira gravação mundial da Sinfonia de Luciano Berio, pela Filarmônica de Nova York acompanhada do The Swingle Singers e regida pelo próprio compositor.  Reativo uma velha vitrola Garrard Zero 100, para finalmente, retrocedendo mais de quarenta anos, desfrutar de boa música, pensando como seria bom para a Humanidade se pudéssemos também ressuscitar os ideais de Democracia e Liberdade, substituídos nos dias de hoje pelo culto da Mentira e Passividade. 



Nota:

A Sinfonia de Luciano Berio foi composta em 1968, com estreia mundial pela Filarmônica de Nova York em 10 de outubro do mesmo ano.  Saudada pelo TIME como: “Uma excitante experiência musical que focaliza os males da época melhor do que todos os movimentos de protesto de vanguarda, de misticismo e de violência que afetam a vida contemporânea.  É uma grande e estimulante composição musical”. 

Nesta Sinfonia temos trechos de Le Cru et le Cuit de Claude Levi-Strauss, extratos de The Unnamable (O Indescritível) de Samuel Beckett e um tributo a Martin Luther King, com sofisticada e ímpar integração entre música e vozes.