No ano de 212 a.C., após um cerco de dois anos à cidade de Siracusa, na Magna Grécia, atual Sicília, esta foi capturada pelas legiões romanas. Quando a casa de Arquimedes – que com seus engenhos ópticos e mecânicos retardou ao máximo a queda da cidade – foi invadida pelos romanos, ele estava no quintal desenhando na areia suas figuras e estudos geométricos, quando um dos soldados pisou sobre os mesmos. Noli tangere circulos meos (não toque em meus desenhos), exclamou Arquimedes em seu precário latim, sendo imediatamente morto por uma lança, que destruiu fisicamente este velho filósofo e matemático. Mas não conseguiu eliminar o seu acervo intelectual, que, atravessando os séculos, chegou até nós.







Neste blog republicaremos também artigos da minha coluna semanal BRASILIANA, do jornal MONTBLÄAT editado por FRITZ UTZERI.




sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O Governador Troca-Palavra

O incêndio do Teatro Villa-Lobos mostra o descaso de Sérgio Cabral e sua turma com tudo que lembre Cultura. O artigo abaixo, publicado no Montbläat em abril de 2008 lembra que a desídia desta figura já vem devastando o Rio de Janeiro há muito tempo.

Era um fim de semana e resolvi assistir ao filme O meu nome não é Johnny, em uma das salas da Casa de Cultura Laura Alvim no Rio de Janeiro. Ao sair, notei que da sala ao lado vinha uma pessoa que parecia flutuar, já que era praticamente carregada por um bando de sujeitos truculentos e mal-encarados. Parecia uma peça publicitária ou a propaganda de lançamento de algum filme, talvez de um desenho animado, como as aventuras de Pernalonga e Hortelino Troca Letras, tal a semelhança física desta pessoa com Hortelino. Mas tudo se esclareceu assim que alguns populares se manifestaram perguntando, por exemplo, Cabral quando vai começar a governar além de passear no exterior e ir ao cinema? O Governador e seu grupo saíram correndo, entraram em seus blindados, que ocupavam totalmente as calçadas, isto em plena praia de Ipanema, e arrancaram em alta velocidade, colocando em risco os pedestres. Foi uma demonstração cabal do domínio da violência neste Estado.
As semelhanças de Sérgio Cabral com Hortelino são apenas físicas e devido ao fato que o personagem infantil troca letras ao falar, por ser gago. Mas o governador troca palavras inteiras e versões a cada declaração. Hortelino ficou tão envergonhados com o seu sósia, que pediu ao Pernalonga para tapar os seus olhos para não ver os últimos acontecimentos em nossa republiqueta (ver Figura 1).





Figura 1 – A vergonha de Hortelino, o sósia de Cabral

A política deste governador troca-palavra já foi motivo de diversas publicações aqui no Mont. Na área de segurança já prometeu de tudo e o combate ao tráfico de drogas, milícias, grupos armados com fuzis, máfias das vans, exploração de menores, jogo ilegal, lavagem de dinheiro, corrupção policial etc vai sendo adiado, trocando de palavra a todo o momento.
Na área ambiental, este troca-palavra conta com o seu Secretário Carlos Minc, que no início pensava estar na oposição, mas agora prefere desaparecer, deixando as nossas florestas serem destruídas, as nossas praias e rios poluídos e a nossa fauna ser vendida criminosamente na feira de Caxias.
No tocante à saúde pública – que havia atingido a perfeição, segundo Lula – a epidemia de dengue desmascara o nosso troca-palavra que por não ter o que dizer declarou que vai criar uma transversalidade no combate a esta epidemia. Quem souber o que isto significa explique por favor.
Nas áreas de educação e cultura o governador troca-palavra também se destaca. Para não falarmos muito, sugiro uma visita a um colégio estadual ou à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) que parecem que sofreram um bombardeio, tal o estado de destruição e precariedade. Sugiro também visitar um dos inúmeros museus, teatros e centros culturais que mais servem de cabide de emprego. Para os mais exigentes, uma visita à Escola de Artes Visuais do Parque Laje (EAV) mostrará como a cultura e o ensino por aqui são tratados, um abandono de dar pena.
Segundo a revista Veja da semana passada, Sérgio Cabral reduziu os gastos nas áreas de segurança, saúde, educação e previdência.
O pior desta história toda é que ninguém é cobrado e a Secretária de Cultura Adriana Rattes já vai para 8 meses no cargo, sendo apenas saudada por certos setores da imprensa como um “rostinho bonito” no governo Cabral.
O Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que deveria ser um símbolo neste Estado, parece que virou um mausoléu da cultura, tendo permanecido fechado desde novembro do ano passado sob a administração de Carla Camurati, que está batendo o recorde de ineficiência em sua administração. A foto abaixo (Figura 2), que mostra um detalhe das depredações e saques que sofreram este teatro, foi tirada em novembro do ano passado.


Figura 2 – Depredações e saques no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Agora, no início de abril parece que nada mudou, o teatro continua sujo, sem iluminação, depredado, desfalcado de sua decoração e com seus banheiros e bares infectos. Para não falar na ausência total de segurança que expõe este patrimônio a futuros roubos e saques.
Para os apreciadores da cultura isto parece muito grave, mas para outros esta conversa é irrelevante, como para parte do público que compareceu no Municipal no dia 7 de abril, a pretexto de comemorar o centenário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). O que deveria ser uma festa da democracia acabou em uma grande reunião chapa-branca, com a presença da Igreja Universal, representada pelo Vice Presidente José Alencar, com a participação em peso da “nova classe”, dos recém diplomados pela bolsa-ditadura e pelo Governador Troca-Palavra que também se diz jornalista, mas por não ter o que dizer, falou um pouco de seu pai, pegando carona em sua popularidade.


PS. Lembro que atualmente o Teatro Municipal está inaugurado oficialmente, mas as obras estão incompletas: banheiros fechados, filas tanto nos lavatórios masculinos como femininos, o belo salão Assirius às escuras e coberto de tapumes; situações constrangedoras para as pessoas com dificuldades de locomoção e vai por aí nas incompetências de sua administração. Para não falar na máfia criminosa que atua controlando estacionamentos.

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