Julio Cortázar dizia que
era melhor escrever um bom conto fantástico do que tentar fazer literatura
"revolucionária". Isto dito
numa palestra em Cuba logo depois da Revolução.
Por
outro lado, secundando as palavras de Augusto de Campos, “toda poesia já tem em
si mesma uma dimensão política. Em
essência, o poeta está em estado de greve”.
Mas
parece que nem todos pensam assim. Dentro
da nossa (in)Cultura, o “novo” e o
“valoroso” são as produções panfletárias, limitadas, mas a serviço dos
interesses de grupos ou partidos.
Vivemos a era onde imediatismos político-eleitorais substituem a Ética
ou qualquer Ideologia.
Assim,
frequentemente vemos assaques contra representantes da nossa Cultura, como
Monteiro Lobato e Drummond, bem como “planos educacionais” onde os estudantes
simplesmente perdem a capacidade de reflexão, sendo transformados em meros
eleitores.
Esta
“maré desconstrutiva” agora volta-se de uma penada só, no atacado, contra Carlos
Drummond, Alphonsus de Guimaraens, Pedro Nava, Cyro dos Anjos, Emílio Moura,
Autran Dourado, Fernando Sabino, Otto Lara Rezende, Rubem Braga, Paulo Mendes
Campos, conforme o artigo intitulado Literatura
e Catolicismo publicado no jornal O
Trem Itabirano em sua edição de fevereiro de 2017 (Ver fac simile abaixo).
Neste
texto, o articulista Hermínio Prates, mostrando certo desconhecimento da obra
dos autores citados no tocante a Arte Literária como forma de expressão, repete
palavras da Tese de Mestrado intitulada O
Conservadorismo Católico na Imprensa de Belo Horizonte, como: “a geração
que enriqueceu as letras, mas politicamente se limitou quase ao folclore”.
Bem,
não me estenderei, pois a leitura da obra destes escritores fala mais alto.
A título de epílogo,
poderia terminar com esta frase de Jean-Claude Carrière da obra Não Contem com o Fim do Livro:
“A
destruição sistemática de uma língua, tal como organizada pelos espanhóis na
América, é evidentemente a melhor maneira de tornar a cultura de que ela é
expressão definitivamente inacessível e poder em seguida fazê-la dizer o que
bem entendemos”.
...mas
prefiro o poema Política Literária de
CDA:
O
poeta municipal
discute
com o poeta estadual
qual
deles é capaz de bater o poeta federal.
Enquanto
isso o poeta federal
tira
ouro do nariz.
Publicado no O Trem Itabirano 139, abril de 2017.
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