No ano de 212 a.C., após um cerco de dois anos à cidade de Siracusa, na Magna Grécia, atual Sicília, esta foi capturada pelas legiões romanas. Quando a casa de Arquimedes – que com seus engenhos ópticos e mecânicos retardou ao máximo a queda da cidade – foi invadida pelos romanos, ele estava no quintal desenhando na areia suas figuras e estudos geométricos, quando um dos soldados pisou sobre os mesmos. Noli tangere circulos meos (não toque em meus desenhos), exclamou Arquimedes em seu precário latim, sendo imediatamente morto por uma lança, que destruiu fisicamente este velho filósofo e matemático. Mas não conseguiu eliminar o seu acervo intelectual, que, atravessando os séculos, chegou até nós.







Neste blog republicaremos também artigos da minha coluna semanal BRASILIANA, do jornal MONTBLÄAT editado por FRITZ UTZERI.




sábado, 22 de abril de 2017

A Era da (in)Cultura



Julio Cortázar dizia que era melhor escrever um bom conto fantástico do que tentar fazer literatura "revolucionária".  Isto dito numa palestra em Cuba logo depois da Revolução.
            Por outro lado, secundando as palavras de Augusto de Campos, “toda poesia já tem em si mesma uma dimensão política.  Em essência, o poeta está em estado de greve”.
            Mas parece que nem todos pensam assim.  Dentro da nossa (in)Cultura, o “novo” e o “valoroso” são as produções panfletárias, limitadas, mas a serviço dos interesses de grupos ou partidos.  Vivemos a era onde imediatismos político-eleitorais substituem a Ética ou qualquer Ideologia. 
            Assim, frequentemente vemos assaques contra representantes da nossa Cultura, como Monteiro Lobato e Drummond, bem como “planos educacionais” onde os estudantes simplesmente perdem a capacidade de reflexão, sendo transformados em meros eleitores.
            Esta “maré desconstrutiva” agora volta-se de uma penada só, no atacado, contra Carlos Drummond, Alphonsus de Guimaraens, Pedro Nava, Cyro dos Anjos, Emílio Moura, Autran Dourado, Fernando Sabino, Otto Lara Rezende, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, conforme o artigo intitulado Literatura e Catolicismo publicado no jornal O Trem Itabirano em sua edição de fevereiro de 2017 (Ver fac simile abaixo).
            Neste texto, o articulista Hermínio Prates, mostrando certo desconhecimento da obra dos autores citados no tocante a Arte Literária como forma de expressão, repete palavras da Tese de Mestrado intitulada O Conservadorismo Católico na Imprensa de Belo Horizonte, como: “a geração que enriqueceu as letras, mas politicamente se limitou quase ao folclore”.
            Bem, não me estenderei, pois a leitura da obra destes escritores fala mais alto.
A título de epílogo, poderia terminar com esta frase de Jean-Claude Carrière da obra Não Contem com o Fim do Livro:
            “A destruição sistemática de uma língua, tal como organizada pelos espanhóis na América, é evidentemente a melhor maneira de tornar a cultura de que ela é expressão definitivamente inacessível e poder em seguida fazê-la dizer o que bem entendemos”.
            ...mas prefiro o poema Política Literária de CDA:

O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.

Enquanto isso o poeta federal
tira ouro do nariz.

Publicado no O Trem Itabirano 139, abril de 2017.


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