Um artigo infelizmente atual...
Tenho um
velho hábito ,
herdado de meu pai ,
que é recortar
notícias que
considero interessantes, datá-las e guardar dentro de um livro que trate
de um assunto
correlato. Esta prática, em geral nos propicia descobertas
interessantes, como aconteceu outro dia ao retirar da estante o livro Cangaceiros e
Fanáticos de Rui Facó. Abaixo
apresento em fac-símile alguns recortes que
tratam da violência no nordeste brasileiro , há
quarenta anos, e que estavam guardados entre as páginas
deste livro . A primeira
notícia fala
da saga do menino
Pedro Gonçalves de Sá, preparado durante onze anos
para vingar a morte de seu pai . Este acontecimento
teve os ares de uma tragédia
grega , muito
comum no nordeste
brasileiro , já
tendo sido retratado na literatura por Adonias Filho
em seu
romance Corpo Vivo ,
que descreve a história
de Cajango, criado por
seu tio ,
o meio-índio Inuri, para tornar-se um jagunço cruel com os poderosos , da zona cacaueira baiana ,
que exterminaram a sua
família .
Em entrevista
na época , o autor
deste romance declarou que a história
de Cajango era baseada
em fatos
reais .
As outras notícias falam da violência cometida pelos
políticos e das barbaridades
policiais .
Decorrente desta corrupção
generalizada, a criminalidade cresceu nos centros urbanos onde o contrabando , tráfico
de drogas e uso
de armas militares
contaminam a sociedade e o poder
político , arrombando até as portas
dos Tribunais Superiores .
O fato
mais bárbaro
e violento que
presenciamos nestes dias , mostrando que a nossa sociedade ainda está em níveis primitivos na questão de direitos humanos ,
foi a prisão de uma jovem
de quinze anos em
uma cela masculina ,
no Município Paraense
de Abaetetuba. A jovem
foi mandada para
o seu martírio
por uma mulher ,
a Delegada Flávia Verônica
e foi mantida em seu
estado de sofrimento pela juíza
Clarisse Maria de Andrade que teve conhecimento do caso
e não tomou nenhuma providência . Isto tudo em um Estado
governado por uma mulher ,
Ana Julia Carepa, do PT, e que tem também como Secretário
de Segurança Pública
outra mulher ,
Vera Lúcia Tavares. Em nota oficial
estas autoridades confessam indiretamente que
tinham conhecimento deste caso bem como de outros que afloraram, já
que declararam que
no início deste governo
petista o Pará contava com 132 municípios
com delegacias ,
das quais apenas
seis com
celas especiais
para mulheres
e que no atual
governo construíram e reformaram somente onze delegacias
com celas
femininas. Para
agravar a desídia
destas autoridades , enquanto
a menina L.A.B., de quinze anos , com um metro e meio de altura
e pesando trinta e cinco quilos , era
mantida presa , estuprada, torturada e queimada com pontas de cigarros
em uma fétida
prisão paraense ,
a governadora petista do Pará , Ana Julia Carepa, divertia-se em
Brasília em uma festa
amazonense patrocinada com recursos públicos , balançando o seu
traseiro – cultivado com muita mordomia –, dançando o carimbó
com o representante da Igreja Universal no governo Lula , o
Vice-Presidente José Alencar – em uma espécie de reedição
da dança da pizza
da deputada Ângela Guadagnin ao comemorar a impunidade
de um colega
petista por ocasião
do episódio do “valerioduto” no ano passado . Para completar este quadro de total
descaso pelo
sofrimento humano a Ministra
Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres ,
apenas queixou-se da “triste coincidência ”
do caso da menina
torturada com a festa
promovida pela sua
administração , no Canecão, na cidade do Rio de Janeiro , com a realização do show
“Por uma vida
sem violência ”,
com a participação de vários cantores
famosos , tudo
pago com
o dinheiro público . Para agravar mais ainda este quadro criminoso ,
o Ministro da Justiça
Tarso Genro ,
do alto de seu
pedestal jurídico ,
declarou: Todos nós nos sentimos violentados e agredidos, mas lamentavelmente este
tipo de violação
de direitos humanos
no Brasil não é incomum ,
o que em
bom português
significa dizer , isto não é comigo .
Teócrito
Abritta
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