O produtor de cinema Luiz Carlos
Barreto ao aderir à onda político-partidária, ultrapassando os limites da
crítica e entrando nos ataques pessoais e infundados ao Presidente do Supremo,
Joaquim Barbosa, involuntariamente expõe uma conexão direta entre as chamadas
biografias autorizadas, que desmerecem a verdade histórica, e a defesa dos
chamados mensaleiros.
No dia 26 de novembro último, na
coluna do jornalista Ancelmo Gois, no jornal O Globo, Barreto derrama suas
palavras em defesa dos condenados:
“Se sua intenção (de Joaquim Barbosa)
de bem servir à causa da Justiça é um propósito sincero e verdadeiro, vá
correndo assistir ao filme ‘Sobral’ documentário de longa-metragem de autoria
da jovem diretora Paula Fiuza, neta de Sobral Pinto...”
“Não quero e nem vou me estender mais
em outras considerações sobre erros e atropelos por você cometidos, cidadão
Joaquim, nesse episódio da decretação da prisão dos condenados pela ação penal
470.”
“O erro maior e degradante foi aquele
que quase causou e ainda pode causar a morte de outro cidadão brasileiro – José
Genoíno.”
“Vá correndo, portanto, cidadão
Joaquim Barbosa assistir ao filme para banhar-se nas águas da sabedoria cívica,
na convicção democrática e na indignação desse homem cristão e justo...”
Principalmente agora, depois que a
“emocional e humanitária” defesa de Genoíno ruiu, estas críticas ao Ministro
Joaquim Barbosa mostram-se injustas.
Afinal o papel de um juiz honesto é garantir que criminosos condenados
cumpram suas penas. Por outro lado, as acusações
ao magistrado não têm fundamento legal, pois nenhum habeas corpus foi impetrado.
Não passam de conversas de advogados interessados em “tumultuar” o
processo, prática conhecida na defesa de réus acusados de formação de
quadrilha. Se o ilustre cineasta não
tivesse usado apenas a biografia autorizada de Sobral
Pinto, e sim um conhecimento mais amplo, saberia que ele foi, na década de 50,
um dos defensores dos chamados “Ladrões de Casaca” – assim chamados pelo
jornalista Edmar Morel. Neste processo o
juiz era atacado impiedosamente, inclusive em matérias pagas pela defesa e
sofria ameaças de morte. A propósito
deste processo da década de 50, publiquei um artigo no Observatório da Imprensa, intitulado Juízes, algemas e imprensa – ontem e hoje,
que infelizmente continua atual.
Ontem e Hoje, os "Ladrões de Casaca".